Até agora, eles identificaram diversas irregularidades trabalhistas, que podem ter relação com o acidente de trabalho, que também deixou 12 trabalhadores feridos, nove deles em estado grave. Eles interditaram a entrada nas áreas destruídas do complexo e a operação nas áreas afetadas.
“Estamos na fase de auditoria dos documentos e de descrição das irregularidades identificadas, e averiguando a possível relação das irregularidades com o acidente de trabalho ampliado”, informa o Auditor-Fiscal do Trabalho Maurício Pavesi, de Ponta Grossa, que integra a equipe de fiscalização, com outros quatro Auditores de Foz do Iguaçu, ambas cidades do Paraná.
Iniciada no dia 31 de julho, a investigação tem sido feita em conjunto com os Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) da empresa e não tem data prevista para ser encerrada.
De acordo com a fiscalização, aproximadamente 50 mil toneladas de grãos e ração que ainda estão nos armazéns danificados precisam ser retiradas do local com urgência, por conta do alto risco de novos acidentes, em decorrência da deterioração e formação de gases, já que os grãos estão sem aeração e proteção contra chuvas.
“A aeração de grãos armazenados consiste essencialmente em promover a passagem de ar natural de baixo fluxo através dos grãos, a fim de diminuir e homogeneizar a sua temperatura, para impedir a migração de umidade e, dependendo das condições climáticas e do fluxo de ar, favorecer a secagem dos grãos”, explica Pavesi, que informou que o SESMT já fez o planejamento para a retirada do material do local.
Com sede em Palotina, no oeste do Paraná, a C.Vale é uma das maiores cooperativas do Brasil, com faturamento de R$ 22,6 bilhões em 2022. A empresa atua na área de grãos, leite, peixe e suínos, e tem 26 mil associados.
Inquérito
A embaixadora do Haiti, Rachel Coupaud, foi recebida na sexta-feira, 4 de agosto, pelo secretário da Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Luiz Felipe Brandão. No encontro, ambos conversaram sobre a explosão do silo de grãos.
Durante a reunião, o secretário de Inspeção do Trabalho salientou à embaixadora que o ministério está dando plena atenção ao caso, já tendo instaurado inquérito para investigar as causas do acidente, adiantando as medidas já adotadas. Além disso, a equipe do MTE se disponibilizou a ajudar em consultas formais a outros órgãos para investigação do direito dos familiares e possíveis formas de cooperação para proteger trabalhadores imigrantes e evitar que esse tipo de acidente se repita.
Atualmente, o Brasil é a casa de mais de 100 mil haitianos. As vítimas haitianas tinham status migratório regular e trabalhavam como avulsos na empresa de grãos.
Foto: CBMPR
Por Lourdes Marinho e Dâmares Vaz, com informações da SRT/PR e do MTE